A terceira CNC
realizada em Brasília entre os dias 27 de novembro e 1º de dezembro, determinou
para o Brasil novas formas de tratamento para com a cultura de todos os povos
brasileiros e possibilitou a interação social e cultural entre artistas, nações
específicas e fazedores de culturas de todos os Estados.
O
primeiro fator a se observar num encontro como esse é a responsabilidade de
todos aqueles delegados que estiveram ali para decidir as políticas culturais
que servirão para todo o Brasil, incluindo negros, indígenas, portadores de
deficiências, populações ribeirinhas, quilombolas e demais povos com
identidades próprias em todo território nacional. É difícil se perceber ali sem
orgulho e sem pretensão de fazer valer o desejo de um Estado em particular, já
que as propostas formuladas em cada Estado com suas identidades específicas estiveram
se coadunando com desejos similares para formar a proposições coesas que venham
a atender a todos os agentes culturais inclusos naqueles seguimentos. É um
trabalho árduo, mas de resultantes brilhantes. Quando uma proposta é finalizada
contendo elementos elencados por cada região da federação e pode, dentro dela,
abraçar as problemáticas daquele seguimento cultural. Pode-se dizer que vale a
pena fazer conferências. Nesse sentido o encontro
nacional determinou como prioridade a ser cumprida pelo Governo Federal já em
2014, as cinco primeiras propostas mais votadas em cada eixo de trabalho.
O
segundo fator importantíssimo dentro de um encontro desse porte é o político.
Pode não parecer, mas a política funciona ali dentro da mesma forma que no
Congresso Nacional. Existem campanhas, discursos de convencimento, debates, novas
proposições para as questões prontas, que podem ser aceitas ou não, para
finalmente se chegar ao consenso do que é melhor para os fazedores de cultura
do país. Dentro desse fator político é preciso ser convincente para fazer as
propostas específicas agregarem-se aos valores de seus pares, e conquistar as
melhorias para cultura, já que nesses encontros também existem pessoas
radicais.
O
que vale a pena ver na Conferência: culturas diferentes apresentadas, olhar
coletivo dos delegados para todos os problemas ligados à cultura e a
participação do Estado com seus gestores regionais, falando nisso a Bahia deu
show. A delegação baiana foi a maior, juntamente com São Paulo, mas apenas a
Bahia e a Paraíba compareceram com seus Secretários de Cultura de Estado, sendo
que apenas a SECULT teve um stand no evento e seu pessoal estava sempre ao
nosso alcance. O Secretário Albino Rubim, se reuniu com a delegação baiana no
Senado Federal, falou sobre a necessidade da aprovação do SNC (Sistema Nacional
de Cultura) e nos pediu união nesse sentido, nós gostaríamos que fosse aprovado
propostas para formação de agentes culturais e fazedores de cultura nas formas
mais variadas possíveis. O município de Valença queria o mesmo que o Secretario
Rubim, e todos nós brasileiros presentes na conferência queríamos a PEC 150,
fomos à luta, cada qual em sua área de interesse, mas sempre pensando em
alcançar os objetivos coletivos da maioria sem ferir os outros de interesses
específicos, afinal essas três propostas são muito interessantes para todo o
país.
Após
muita conversa, muita demonstração do que seria ideal para a cultura,
conseguiu-se priorizar alguns pontos importantes e especiais como a proposta
3.18 que trata da inclusão nos programas culturais de itens que garantam a acessibilidade
das pessoas com deficiência bem como da criação dos mecanismos facilitadores da
participação plena dos deficientes no fazer cultural em todas as vertentes que
são possíveis. Essa proposta foi brilhantemente defendida pela atriz deficiente
visual Cristina Gonçalves do Fórum de Cultura da Bahia. Nossa participação se
deu na proposta 2.11, a qual trata da formação dos agentes e fazedores de
cultura em todas as áreas pertinentes, seja especialização ou técnico, ou mesmo
residências culturais que levem o seu participante a se formar e trabalhar com
segurança em suas comunidades artísticas. Entre as prioridades também foi
aprovado a proposta 2.40, sobre a efetivação do Sistema Nacional de Patrimônio
que visa garantir a identificação e preservação dos patrimônios culturais
materiais e imateriais através dos vários mecanismos necessários para tornar
esta ação possível. A proposta na área
de acessibilidade às mídias, da qual o valenciano Wellington Anunciação foi
coautor na conferência estadual, também foi aprovada entre as cinco prioridades
para o governo federal executar já em 2014.
Entre
as vinte propostas eleitas como prioridades estão elencadas a Lei Cultura Viva
para garantir a permanência de pelo menos um ponto de cultura em cada município
brasileiro, recursos do pré-sal taxados em pelo menos 10% para a cultura,
fortalecimento do Fundo Nacional de Cultura para garantir financiamento público
da cultura, Plano Nacional da Economia Criativas, para garantir que os
trabalhadores da economia criativa tenham direito a previdência e a propriedade
intelectual. Também foi garantido a criação de linha de financiamento através
do BNDES para pesquisas e inovações nos setores culturais criativos entre
outros.
A III CNC para além
de reunir pessoas de todo o país para definirem os parâmetros culturais a
partir de 2014, também mostrou a fragilidade dos representantes do governo
federal no que se refere à cultura. O ministro Gilberto Carvalho, representante
da Presidência da República deixou claro
não desejar a aprovação da PEC 150, e bem antes disso, logo na abertura da
Conferência a Ministra Martha Suplicy deixou transparecer para o público
presente que não está tão afinada com a cultura como gostaria, e disse que
algumas coisas não serão tão fáceis de
serem realizadas, no entanto ela proporá ações que fortaleçam o Fundo de
Cultura, inclusive com pretensões de aumento na sua arrecadação para que este
possa subsidiar melhor a cultura brasileira. A ministra revelou também um
aumento de verba pública para a cultura carnavalesca e prometeu revitalizar os
museus dos Estados aonde vai acontecer os jogos da Copa do Mundo em 2014. Isso
significa que a Bahia faz parte desse programa. Há ainda segundo ela, a
intenção de ampliar e criar CEUs (Centros de Artes e Esportes Unificados) em
todo país com o objetivo de integrar num mesmo espaço físico, programas e ações
culturais, práticas esportivas e de lazer, formação e qualificação para o
mercado de trabalho, serviços sócio assistenciais, políticas de prevenção à
violência e inclusão digital, de modo a promover a cidadania em territórios de
alta vulnerabilidade social das cidades brasileiras.
Bem,
a III CNC em si, se não conseguiu atingir a todos os objetivos dos brasileiros
ali presentes, com certeza deu mais um grande passo no avanço cultural do país,
a partir daqui seguiremos em busca da concretização do nosso trabalho e, nas
próximas etapas, faremos novas proposições que venham atender novas demandas e
comtemplar aquilo que não ficou a contento.
* Esse texto é de autoria de Irene Dóris e foi publicado originalmente em http://www.irenedoris.blogspot.com.br/
* Esse texto é de autoria de Irene Dóris e foi publicado originalmente em http://www.irenedoris.blogspot.com.br/
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